Zanzibar, a ilha das especiarias
Na juventude, adorava ler as obras de Júlio Verne. Talvez elas tenham sido responsáveis pela criação de um imaginário aventureiro de estar sempre à procura de lugares exóticos, povos diferentes e culturas diversas para conhecer. Dentre os livros que li havia um que se chamava “De Dakar a Zanzibar”, os dois extremos das costas oriental e ocidental da África. Há poucos anos, visitei Dakar, numa viagem de cruzeiro, que fazia uma parada lá. Foi um dia apenas e fiquei com vontade de permanecer mais alguns dias naquela cidade para visitar as belezas e os contrastes do Senegal. Agora, pude ir a Zanzibar, a ilha das especiarias, hoje pertencente à Tanzânia. Até a independência dos ingleses, na década de 1960, Zanzibar, a ilha, e Tanganika, a parte continental, tinham independência. Juntos, formaram a República Federativa da Tanzânia, um dos mais tranquilos países africanos, destino favorito de europeus para safáris e, especificamente, de Zanzibar, para relax nas praias paradisíacas de areias brancas e finas do Oceano Índico.
Zanzibar tem vários atrativos. O primeiro é o fato de ser conhecida como a ilha das especiarias desde a época dos portugueses, que ali chegaram com Vasco da Gama, em 1498. Portugal teve soberania sobre a ilha por uns duzentos anos, até que foram expulsos pelos omanis, que a dominaram e implantaram o islamismo, religião predominante na ilha. A velha Zanzibar, também chamada de “Cidade de Pedra”, é patrimônio histórico da humanidade, com suas relíquias tombadas pela Unesco, como o antigo Palácio dos Sultões, a Casa das Maravilhas, o velho Forte português, os banhos turcos e o antigo mercado de escravos. Percorrer suas vielas labirínticas, que lembram as ruas estreitas de Fez, no Marrocos, caminhar em círculos, daí a necessidade de um guia local ou de GPS, é um dos grandes prazeres dos turistas que ali acorrem vindos do mundo todo. À tarde, ver o pôr do sol perto do cais e do antigo Palácio do Sultão é prazer garantido para os amantes das viagens e das belezas do mundo.
Para chegar a Zanzibar, pode-se ir de avião ou de barco rápido (um catamarã) vindo de Zanzibar, numa viagem aérea de meia hora ou de duas horas, marítima. Há bons hotéis para se hospedar na Cidade de Pedra e maravilhosos resortes nas praias do leste para se descansar após o agito de Dar-es-Salaam ou alguns dias de safári. Zanzibar tem como atrativo ainda ter sido o berço natal de Fred Mercury, nome artístico de Farrokh Bulsara, que ali nasceu em 5 de setembro de 1946, filho de pais persas, tendo morrido em Londres, em 24 de novembro de 1991. Fred Mercury foi um cantor, pianista e compositor britânico, que ficou mundialmente famoso como fundador e vocalista da banda britânica de rock Queen, que ele integrou de 1970 até o ano de sua morte. Pode-se visitar a casa onde nasceu, em Zanzibar, e outros locais em que viveu na infância. Há um bar com seu nome e pratos no cardápio que o homenageiam, bem à frente da Casa das Maravilhas, e um belo lugar para contemplar o pôr do sol, enquanto se saboreia uma Kilimanjaro, a cerveja local. Para os amantes da natureza, há passeios para se visitar tartarugas gigantes, golfinhos e um macaco de cara vermelha, original dali. Lugar imperdível para se curtir uma lua de mel, passar alguns dias inesquecíveis, pouco conhecido dos brasileiros, que ainda não descobriram Zanzibar.