Le Havre e Honfleur, o antigo e o moderno

É sempre bom voltar à França, um dos destinos turísticos mais procurados do mundo. Dessa vez, fui à Normandia, mais precisamente a Le Havre e Honfleur, os dois portos marítimos situados na desembocadura do rio Sena. Le Havre está na margem norte da foz do Sena, a 208 km de Paris e, neste ano, completou 500 anos de existência, pois foi fundada por Francisco I, em 1517. É o segundo maior porto da França, atrás de Marselha. A cidade de Havre foi em grande parte destruída em 1944, na II Guerra Mundial, e foi reconstruída sob a direção do arquiteto Auguste Perret, o responsável pela maravilhosa igreja de São José, com sua monumental torre-campanário de 107 metros de altura, com a ideia de que “Deus está no centro e se eleva o espírito”. O centro histórico de Le Havre é tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco e nele se encontra, além da Igreja de São José, os prédios construídos por Perret, no estilo moderno dos anos 50, e os dois prédios em forma de concha construídos por Oscar Niemeyer, com teatro e biblioteca. Além deles, é imperdível a visita à catedral de Notre Dame, dos séculos 16 e 17, também reconstruída após a II Grande Guerra. A cidade possui vários museus, como o de História Natural e o de Arte Moderna de André Malraux, além dos jardins suspensos, também uma atração turística da bela cidade de Le Havre.

Atravessando a ponte da Normandia, a cerca de 20 km de Le Havre, situa-se o velho porto de Honfleur, de onde partiram muitos barcos com emigrantes e conquistadores do Novo Mundo. Situado no departamento de Calvados, à margem esquerda do Sena, Honfleur é um porto de pesca e de comércio. É importante centro turístico com suas velhas casas de madeira cobertas com ardósia, seus monumentos históricos medievais comoa a Igreja de Santa Catarina, toda em madeira, construída no século XV.  Dentre os principais museus da cidade está o de Eugene Boudin, pintor impressionista da segunda metade do século XIX, cuja residência é um museu municipal com várias obras dos impressionistas, dentre as de Boudin e de seus pares.

O bom mesmo de Honfleur é passear por suas ruelas medievais, saborear os produtos da Normandia, queijos, frutos do mar e o famoso licor de Calvados, sentar-se no seu velho porto e admirar a paisagem. Honfleur é linda e merece uma missa. Como era domingo, participamos de uma, na igreja de Santa Catarina, com todo o seu ritual das antigas missas solenes católicas. O povo é acolhedor, o comércio é muito bom e é um excelente passeio para um dia de domingo com a família. Amamos Le Havre e Honfleur, dois portos franceses que visitamos num único dia e onde se pode admirar os contrastes entre o antigo e o moderno, o passado e o presente.

Bruges, a Veneza do Norte

Bruges, na Bélgica, é a capital da Flandres ocidental e surgiu na confluência de vários canais, uma das principais atrações turísticas da cidade.Por isso, é conhecida como a Veneza do Norte.

Ir a Bruges e não fazer um passeio pelos seus canais é como ir a Roma e não visitar o Vaticano, já que ver o papa nem sempre é possível. Bruges conheceu sua maior prosperidade no século XIV como centro comercial, perdendo essa importância para Antuérpia no século seguinte. É uma das cidades mais românticas para se visitar, com seus mercados, a prefeitura na ampla praça principal, a igreja do Sangue Sagrado, a de Notre Dame, o hospital São João e o museu municipal com importantes obras dos primitivos pintores flamengos. O porto é ligado ao mar por um canal de cerca de 15 km, mas os grandes navios aportam em Zeebrugge, a 17 km dali.

Fomos a Bruges pela primeira vez há vinte anos, em 1997, numa excursão saída da Espanha. Nosso guia era um jovem espanhol que nos mostrou os principais pontos turísticos da cidade e, também, nos apresentou à famosa cerveja belga, produto tão famoso quanto os seus chocolates, a renda de Bruxelas, as impecáveis autopistas, ou seja, tudo que faz da Bélgica um autêntico país de primeiro mundo. Não é à toa que é a capital da União Europeia. Naquela ocasião, saímos à noite para jantar e, na volta, nos perdemos nas ruelas daquela cidade medieval. Estava frio e a neblina cobrira toda a cidade. Ficamos vagamos por algumas horas, sem localizar o hotel, até que achamos um grupo de colegas brasileiros do nosso grupo, bem mais orientado que nós e mostrou-nos o hotel, a poucos passos de onde estávamos. Que alívio!

Vinte anos depois, voltamos a Brugges, num cruzeiro. Pegamos um trem em Blankenberg e em menos de vinte minutos estávamos na estação central de Brugges. Dali até o centro da cidade é um bom pedaço, quase uma hora caminhando sem pressa, pois a cidade é para ser curtida em todos os seus detalhes. Dessa vez, fizemos o passeio de canal, tomamos a deliciosa cerveja local na praça principal lotada de turistas, comemos um sanduíche com a gostosa salsicha deles, visitamos o mercado de antiguidades, pois era sábado, e voltamos de trem para o navio, certos de que Bruges é uma cidade para ser visitada sempre. É o que ainda esperamos fazer outras vezes.