Blankenberge, na Bélgica

   Blankenberge, na Bélgica, fica próxima a Brugges, a mais famosa cidade turística da Bélgica. De lá, pode-se ir de trem ou de ônibus, em meia-hora, a Brugges, e os navios de cruzeiro param na vizinha Zeebrugge. Situa-se na província de Flandres Ocidental e tem uma população de cerca de vinte mil habitantes. Possui uma praia arenosa e feia, com uma estrutura única ao longo da costa belga, um píer de 350 metros de extensão, construído em 1933. Em Blankenberge, nasceu Adolf E. Fick, o inventor das lentes de contato, e o pintor flamengo Frans Masereel (1889).

   Como já fomos a Brugges três vezes, na primeira, dormimos na cidade e nos perdemos à noite, na neblina, sem conseguirmos achar o hotel, a poucos passos de nós. Na época, não havia telefone celular com GPS e rodávamos em círculo, sem encontrar uma vivalma que nos indicasse o caminho a seguir. Para nossa sorte, Nossa Senhora dos Aflitos, protetora dos turistas desorientados, nos colocou no caminho alguns amigos brasileiros, que estavam conosco, e se dirigiam ao hotel, após uma noite alegrada pela deliciosa cerveja belga. Juntamo-nos a eles, sem dizer que estávamos perdidos há  um tempão, e logo avistamos o hotel. Ufa! Em outras viagens, caminhamos pela cidade medieval, visitamos igrejas e museus, passeamos de barco por seus canais, fizemos o que todo bom turista deve fazer.

   Dessa vez, resolvemos ficar em Blankenberge, a pequena e simpática cidade belga à beira-mar, para fazer compras para filhos e netos, saborear o delicioso chocolate belga, ou uma cerveja, comer alguma coisa local, o mais famoso é “moules et frites”,  mexilhão com batata-frita, e simplesmente descansar para enfrentar a longa volta para casa.  Esqueça a praia! É horrível, em comparação com as praias brasileiras. E o tempo nunca ajuda. Chove muito nessa região. Ou faz frio. Por isso, as grandes lojas são calafetadas ou têm lâmpadas muito quentes. A gente entra todo encapotado da friagem lá fora e, dentro, começa a suar, enquanto procura o que comprar. O jeito é tirar os agasalhos para, depois, colocar tudo de novo. Um saco!

   Além das compras, o que ver em Blankenberge? Muito pouco. Há o quarteirão “belle époque”, com casas e prédios da primeira metade do século XX, que não foram destruídos nas grandes guerras, a bela igreja de Santo Antônio e a de Nossa Senhora e, talvez, mais alguma coisa fora do centro. Não procuramos, pois o que desejávamos era fazer compras e sentar para apreciar os sabores locais. Em paz! O belga é extremamente educado, solícito, com a finesse que os franceses não têm mais com os turistas, ou nunca tiveram, falam diferentes línguas e procuram  entender as que não falam. Fiquei surpreso com os preços dos vinhos no supermercado: com 3 euros se compra vinho de qualidade e com 10, um reserva, de diferentes países. No navio, o vinho mais barato custava 47 dólares, ou seja, quase 250 reais. Pena que não se pode trazer, pois o transtorno, o excesso de peso e o risco são grandes. Hoje, fazer turismo em pequenas cidades é muito mais agradável do que nas grandes. O ‘overturismo’  tornou Roma, Paris, Londres, Nova Iorque, insuportáveis, em determinadas épocas do ano.  Daí, cidades como Blankenberge se tornaram boas opções para quem não quiser se estressar em viagens.

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Os fiordes da Noruega

Como viajante contumaz, pois já visitei cerca de 130 países no mundo, as pessoas me perguntam qual é o mais bonito. A resposta depende de uma série de fatores: belezas naturais, construções arquitetônicas, passado histórico ou até o seu estado emocional. Às vezes, vamos a lugares lindos, famosos, mas não estamos bem, emocionalmente, ou temos uma companhia que não compartilha os mesmos gostos que a gente, e tudo desanda. Ou então, é a época, o tempo meteorológico, o excesso de turistas em alguns lugares, tudo pode estragar uma viagem tão sonhada. Visitar grandes cidades como Londres, Paris, Roma, Nova Iorque, em época de férias escolares ou no verão é pedir para sofrer. Gosto de caminhar e com ruas repletas de gente fica impossível. Verão na Europa é um horror.  Mesmo nós que estamos acostumados ao calor do Brasil, sofremos muito com o calor no hemisfério norte. Ir à Espanha, Itália ou Grécia, em agosto, é experiência que nunca mais quero ter. Por outro lado, o frio intenso no Canadá, no Alasca ou na Escandinávia impossibilita qualquer prazer de viajar por esses país.

   A melhor época para viajar é na primavera e no outono, desde que se escolha bem o roteiro. No entanto, para se ir aos lugares frios acima citados, o verão é uma boa. Tive a oportunidade de visitar, no final do último verão, a Noruega e posso afirmar, com toda certeza, que um dos lugares mais belos do mundo são os fiordes daquele país. Fiordes são grandes entradas do mar entre altas montanhas rochosas, originadas por erosão causada pelo gelo de antigo glaciar. Os fiordes ocorrem, principalmente, nas costas da Noruega, mas também ocorrem na Groelândia, Chile e Nova Zelândia, dentre outros países. Exceto a Groelândia, que ainda não visitei, os demais são países belíssimos, com belezas naturais dentre as mais belas do mundo.

   A Noruega é conhecida como a “terra dos fiordes”, que se originaram devido à ação de gelo, os chamados glaciares, ou geleiras, que se movimentam rumo ao mar como se fossem grandes rios congelados. Os fiordes só existem em regiões costeiras montanhosas onde o clima é suficientemente frio para permitir a formação de glaciares abaixo do nível atual do mar. Já visitei glaciares no Chile, no Alasca e na Noruega. Infelizmente, eles estão sofrendo com o aquecimento global e podem vir a desaparecer, o que será catastrófico para a humanidade. Em seus 25 mil quilômetros de costa, a Noruega possui mais de mil fiordes, sendo os maiores os de Sogn, Trondheim e Oslo. O Sognefjord é considerado o maior do mundo, o “rei dos fiordes”, com mais de 200km de extensão, cerca de 1.300 metros de profundidade e paredões que podem chegar a 1.700 metros de altura. Pode ser visitado a partir de Bergen, considerada a “cidade dos fiordes”. A palavra norueguesa “fjord” é uma das poucas dessa língua incorporada ao vocabulário universal, como samba, favela e caipirinha, do Brasil.

   Passei duas semanas percorrendo alguns desses maravilhosos fiordes, contemplando as mais belas paisagens do mundo e posso afirmar que é um cenário de indescritível beleza. Seguem algumas fotos para ilustrar.

Viagem ao Ártico

                                 Viagem ao Ártico

   Nunca havíamos planejado ir ao Ártico. Estivemos próximo, quando fomos à Islândia, em Akureyri, há alguns anos. Sempre quisemos ir à Antártida, mais próxima de nós, já que vivemos no hemisfério sul. No entanto, escolhemos para nosso passeio anual, neste ano, um cruzeiro à Noruega, que incluía uma travessia do Círculo Ártico, Lat, 66°C 33.7”N, Long. 010° 42.6’ E, e chegamos até o Cabo Norte, Latitude 71°N, Longitude 025° 49.0’E, o ponto mais extremo ao norte da Europa. Felizmente, a temperatura estava extremamente agradável e, em Honingsvag, onde aportamos, fazia 8°C, pela manhã e 12°C, à tarde. Era final de verão, a melhor época para se ir de navio a essas paragens.

   Saímos de Southtampton, na Inglaterra, no dia 19 de agosto e, dois dias depois, chegávamos a Bergen, a segunda maior cidade da Noruega. Bergen situa-se na costa sudoeste da Noruega e possui cerca de 250 mil habitantes. Fundada em 1070, foi a capital do país na Idade Média. Era uma importante fortificação viking  e o cais do porto antigo, o Bryggen, ainda preserva o antigo centro comercial repleto de casinhas de madeira coloridas, hoje tombadas como Patrimônio Mundial pela Unesco. Nos armazéns e estalagens de outrora, atualmente funcionam museus, restaurantes e lojinhas, numa atmosfera acolhedora, com turistas circulando a um cenário quase cenográfico. Há muito o que se fazer em Bergen. Há muito o que se admirar na cidade. Para os que curtem, vale subir até o Monte Floyen, de teleférico, para admirar a paisagem, ou então, sentar-se no mercado de peixes e apreciar os saborosos pratos à base de peixes frescos de vários tipos. Também vendem petiscos de alce, rena e baleia, já que a Noruega é, infelizmente, um dos poucos países que ainda caçam baleias, junto da Islândia e do Japão. Bergen é a porta de entrada para visitar os famosos fiordes, uma das paisagens mais lindas do mundo.

  Após uma visita à bucólica Flam, povoação de 450 habitantes, onde passei meu aniversário, chegamos a Trondheim, a terceira maior cidade do país, com pouco mais de duzentos mil habitantes. Fundada em 997, foi a capital da Noruega durante a era Viking, até 1217. Era um entreposto comercial, que ligava o norte e o sul do país e de 1152 a 1537 foi sede da Arquidiocese de Nidaros, o antigo nome da cidade, onde se situa a Catedral de Nidaros, a maior do país e centro de peregrinação durante a Idade Média. Segundo a tradição, ali foi sepultado Santo Olavo, que converteu o país ao cristianismo e, durante muitos anos, era o local de coroação dos reis da Noruega. Atualmente, consagração e casamentos reais ocorrem nessa imponente catedral gótica, uma das mais bonitas do norte da Europa. Ao lado da catedral, pode-se visitar o antigo Palácio do Arcebispo, hoje um museu, onde, dentre muitas relíquias, encontram-se objetos valiosos dos antigos reis da Noruega. Trondheim é uma cidade universitária e importante centro comercial. Fácil de caminhar, repleta de museus e de construções modernas ao lado de antigas, é uma das mais belas cidades da Noruega.

   Mais alguns dias de navegação e atravessamos o Círculo Polar Ártico, dobramos o Cabo Norte e chegamos a Honningsvag, a pequena e simpática cidade de 3.500 habitantes, uma das mais ao norte da Europa. Localizada à latitude 70° 58’N, no município de Nordkapp, na costa sul da ilha de Mageroya, Honningsvag disputa com Hammerfest e Longyearbyen, também na Noruega, e Barrow, no Alasca, o título de cidade mais setentrional do mundo. O seu porto abriga navios de cruzeiro por passageiros ávidos por irem até o Cabo Norte, uma viagem de três horas de ônibus para ir e mais três para voltar. Também há passeios de helicóptero para os mais abonados financeiramente. Não há muitas atrações na cidade, mas se pode visitar um pequeno museu e a pequena igreja luterana, no alto da colina, a única construção que restou, após a II Guerra Mundial. Os nazistas ocuparam a localidade para alcançar a Rússia e grandes batalhas foram travadas ali. Nada restou da antiga povoação, a não ser a pequena igreja, testemunha solitária da ambição e da violência humanas.

   Na volta, visitamos Tromso, intitulada a capital do Ártico. A cidade possui cerca de 40 mil habitantes e é o melhor lugar para se ver as “luzes do Norte”, ou “aurora boreal”, mais comuns durante o inverno. É a maior cidade do norte da Noruega e se localiza a 300 km ao norte do círculo polar ártico. De novembro a janeiro, a cidade está imersa numa noite ártica. O sol volta a aparecer em 21 de janeiro, quando a cidade celebra o “Dia do Sol”. No verão, é época de ver o sol da meia-noite. Era domingo, quando chegamos a Tromso, por isso a cidade estava bem deserta, com poucas lojas abertas na praça da antiga catedral. A moderna catedral situa-se do outro lado da ponte, que não atravessamos. Caminhamos pela beira-mar e visitamos o Museu do Troll, muito apreciado pelas crianças e o Museu Polar, onde se pode ver uma pequena história da conquista do Polo Norte. Amundsen, o célebre conquistador, é natural de Tromso e sua estátua está na entrada do Museu. Tivemos bom tempo, embora a cidade seja famosa pela chuva e pelo frio congelante. Muita gente se aventura a ir lá, no inverno, na tentativa de ver a aurora boreal. Já a vimos, na Finlândia, há alguns anos, e não voltaria a Tromso, no inverno, nem que a vaca tussa rs.

Stonehenge e seu misticismo

Há muito tempo, desejávamos visitar Stonehenge, na Inglaterra, mas a pandemia de coronavírus adiou nossos planos. Agora, chegou a hora e conseguimos. Valeu a pena! Saímos de Southampton, o segundo maior porto da Inglaterra, com uma excelente guia, e passamos por lugares incríveis como a New Forest e Salisbury, com a sua Velha Sarun, como é conhecida sua imponente catedral. Confesso que me deu vontade de parar e ficar em Salisbury. O centro histórico estava todo enfeitado de bandeirinhas e nos lembrou as nossas tradicionais festas de São João. Ao chegarmos a Stonehenge, após uma hora e meia de uma viagem muito agradável, avistamos da estrada as famosas pedras, em formato circular, cujo significado real até hoje ninguém descobriu. Existem algumas teorias ou suposições, criadas após as descobertas de alguns indícios. A primeira é que Stonehenge era um templo onde os druidas, os sacerdotes celtas, realizavam sacrifícios humanos em oferenda aos deuses. Já no século vinte, o astrônomo Sir Norman Lockyer sugeriu o que, atualmente, é considerado o verdadeiro objetivo da edificação: um calendário que capacitava os antigos sacerdotes a calcular as posições do Sol, da Lua e dos planetas, ao longo do ano. Espaços entre os trílitos (três pedras, sendo duas verticais e uma horizontal) permitem uma visão acurada das ascensões solares e lunares, enquanto as aberturas entre eles, uma série de 56 cavidades cheias, servem como uma sofisticada calculadora de eclipses lunares. Portanto, Stonehenge tem sua fama por sua dupla natureza: um lugar cerimonial, de práticas místicas e religiosas, e um calendário astronômico, quase científico, que mostra como o conhecimento das estações do ano e do próprio tempo ligava-se, intimamente, às práticas agrícolas, época de plantio e de colheita, intimamente ligado a antigas práticas religiosas e rituais.

   A palavra henge, em inglês, significa um círculo pré-histórico constituído de grandes pedras ou objetos de madeira. Stonehenge não foi o maior deles. O grande complexo megalítico de Avebury, em Wiltshire, próximo dali, foi, no passado, maior do que Stonehenge.  Sua parte mais antiga, o “Santuário”, data da mesma época, cerca de 3.000 a.C. Havia um enorme círculo de 90 blocos de pedra, cada um com cerca de cinco mil toneladas, e dois círculos menores com 30 pedras cada. Na Idade Média, muitas das pedras foram utilizadas em outras construções ou enterradas, para desencorajar ritos pagãos. Stonehenge foi construída, incialmente, cerca de 3.000 a. C, em madeira. O primeiro “henge” era de pedras azuis, compreendendo uma vala circular de 98 metros de diâmetro e com as 56 “Aberturas Aubrey”; os espaços entre elas, foi construído por volta de 2.000 a.C. Muitas das pedras azuis foram retiradas, quando se ergueu Stonehenge III, ao redor de 1.900 a.C, o grande círculo de 30 megalitos (grandes pedras) com lintéis (verga de madeira ou pedra que constitui o acabamento da parte superior de portas e janelas) e uma ferradura constituída por cinco trílitos. Stonehenge se alinha com a velha catedral de Salisbury e a outras construções neolíticas ou medievais próximas dali. Enfim, há todo um misticismo em torno dessas ruínas e isso fez seu tombamento pela Unesco como “Patrimônio Mundial da Humanidade”, juntamente com Avebury, em 1986. Dali pra cá, se tornou um dos lugares mais visitados da Inglaterra e do mundo.   

   Ao chegar ao Centro de Visitantes, há uma exibição com vários objetos arqueológicos e uma experiência audiovisual em 360°, que nos dá uma amostra da história de Stonehenge e de suas relações com outros sítios históricos próximos dali. Após a ida ao banheiro e ao café, é hora de se dirigir às pedras. Há duas maneiras: uma de ônibus gratuito, e, em menos de dez minutos, você é deixado bem perto do monumento; a outra é ir a pé, caminhando pelo pasto, entre as vacas inglesas. Como o tempo estava agradável e convidativo, fomos a pé, para nos prepararmos para a longa espera de aeroporto, que teríamos mais tarde. Foi bom, mas não recomendo para os que não tiverem boa disposição e boa forma física. Adoramos Stonehenge. Valeu a espera.  

VISÕES DA NORUEGA

   Passei quinze dias viajando de navio pela Noruega, de Bergen a Honingsvag, no extremo norte do país, já quase na fronteira com a Rússia, e deu para ter uma noção legal desse país que é considerado um dos mais desenvolvidos do mundo, um dos maiores IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, e um dos mais pacíficos e agradáveis para viver. Claro, era final de verão, peguei uma temperatura superagradável, nunca menos de 8° C e não superior a 18°C. Uma delícia de clima para viajar, caminhar, contemplar a natureza exuberante, navegar em seus encantadores fiordes, com cascatas desaguando no mar e casinhas coloridas à margem, cada paisagem mais bonita do que a outra.  A Noruega é um país para se viver em contato com a natureza, daí ser o paraíso para os que fazem caminhada, escalada, alpinismo, canoagem, todo tipo de esporte em contato com a natureza. Por todo lado, veem-se montanhas e água. Herdeiro do povo viking, que teve seu auge de 799 a 1.066 d.C, e viajou pelo mundo todo, chegando às Américas quinhentos anos antes de Colombo, o norueguês se alimenta e vive da água.

   Nós, brasileiros, nos acostumamos, desde a colonização portuguesa, a associar a Noruega ao bacalhau, esse peixe curtido em sal, barato, no passado e, hoje, caro para nós. No entanto, o bacalhau é um alimento dos portugueses, que o usava para as grandes travessias, sem estragar. Fui a vários supermercados na Noruega, a mercados de peixe, a restaurantes e em nenhum lugar vi bacalhau, como o comemos aqui. Eles comem, e muito, peixe fresco, principalmente salmão e truta, mas há uma enorme variedade de pescado, o principal alimento deles, comido fresco. Talvez daí venha a longevidade do povo e a sua saúde. Vi muitos carneiros e pouco gado bovino. Eles não têm grandes pastagens para o cultivo desses animais, por isso, a carne é importada, e cara. Nada é barato, para nós, na Noruega, que tem um salário mínimo em torno de quinze mil reais, ou seja, 2.800 euros. Embora não pertença à União Europeia e nem adote o Euro como moeda, a moeda local é o NOK, a coroa norueguesa, a Noruega é membro fundador da OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, pois foi invadida pelos nazistas, na II Guerra, que a usaram como trampolim para chegar à URSS. É um país pacífico, com pequeno contingente nas forças armadas, que procura se manter neutro nas brigas mundiais, mas teme a proximidade com a Rússia, país bélico, sempre disposto a aumentar suas fronteiras.

   O que faz ser a Noruega um país tão desenvolvido, entre os top 5 do mundo? Em alguns quesitos, só fica atrás de Luxemburgo e do Catar, países muito pequenos e pouco populosos, cuja renda vem do mercado financeiro, no caso do primeiro, ou da exportação de petróleo e gás, no do segundo. Parece que o sucesso da Noruega, no cenário mundial, esteja no modelo social adotado nos países nórdicos, concentrando recursos na saúde universal, num regime abrangente de previdência social e, sobretudo, na educação de qualidade para todos, subsidiada até o ensino superior. Desde 2001, a Noruega está classificada como um dos países mais desenvolvidos do mundo e o Índice Global da Paz a coloca entre os mais pacíficos. Em 2017, um estudo feito por peritos internacionais classificou-a como o país mais feliz do mundo, superando a Dinamarca, eleita em 2016.  Um paraíso na terra? Talvez seja, embora para nós, brasileiros, não seja fácil viver lá, pelo clima, pela língua, tão diferente da nossa, pelos costumes, pela alimentação, pela falta de praias, sol, calor, carnaval e cerveja barata. Um chope custa em torno de 100 NOK, cerca de 50 reais. Quem se habilita? Bebida é cara, pois os impostos são altos. Afinal, o estado precisa arrecadar para oferecer os serviços de qualidade que dá à população. E lá, o que se arrecada é devolvido ao povo. A Transparência Internacional, em 2022, colocou a Noruega em segundo lugar, logo após a Dinamarca, entre os países menos corruptos do mundo. Como nem tudo é perfeito, comem alce, baleia e rena!