Catânia, bela cidade siciliana

A Itália é um mundo à parte. Cada uma de suas regiões possui identidade própria, belezas naturais, artísticas e arquitetônicas específicas. O país foi unificado no século XIX por seu herói nacional, Giuseppe Garibaldi; no entanto, em cada canto da Itália encontramos  outro país, um dialeto próprio, grupos étnicos diferenciados, culturas muito fortes advindas de épocas milenares. Não existe nada mais diferente do que Veneza, Florença e Nápoles. É como se fossem capitais de três diferentes países, parecidos, mas não similares. A Sicília, então, é um mundo à parte. Talvez pelo seu formato insular e pela forte influência grega e a proximidade da África, é uma outra Itália. Encantadora, como todas elas. Mesmo as grandes cidades sicilianas têm suas características próprias: Palermo, a capital; Messina, Catânia e Siracusa, as principais cidades têm seus encantos, mas nada que se compare a Taormina, Agrigento e Selinunte, museus a céu aberto.

Dessa vez, fomos conhecer Catânia, cidade que já tínhamos visitado, há alguns anos, mas muito rapidamente. Apenas passamos por ali, para uma ida ao Etna, para aqueles que se dispuseram. Bem que eu quis, mas minha esposa não deixou. O grupo foi e voltou , reclamando muito do calor e do cheiro de enxofre. Não pôde chegar à cratera. Dias depois, o vulcão entrou em erupção, uma das mais violentas dos últimos tempos. Agora, voltamos a Catânia, numa das paradas no nosso cruzeiro pelo Mediterrâneo. Catânia é uma cidade tipicamente siciliana. Além de ter suas próprias atrações, Catânia também é uma base estratégica para conhecer as belíssimas Siracusa, Taormina e o vulcão Etna. Repleta de praças agradáveis e joias do barroco, a cidade natal do compositor Bellini tem um belo teatro, que leva o seu nome. Barzinhos e cafés abarrotados de estudantes e uma costa animada no verão completam o cenário cheio de vida.

Chegamos a Catânia num domingo de outono, o último de outubro. Fomos caminhar pela cidade, pois no dia anterior tínhamos passado o dia todo num ônibus, visitando a costa amalfitana.  Agora, queríamos bater perna. Nem mesmo o percurso no ônibus turístico nos interessou. Logo ao sairmos do porto, demos de cara com a feira de antiguidades. Que loucura! Tudo que se pode imaginar do passado havia ali. Minha vontade era comprar um monte de bugigangas, mas minha esposa só quis dois pequenos castiçais de prata, a três euros cada. Fomos para a praça principal, assistimos ao resto da missa na catedral e ficamos por ali, a curtir o movimento daquele domingo ensolarado. Jovens músicos tocavam na praça, alegrando o ambiente. Andamos pelas largas avenidas, buscando as joias da cidade, que são muitas, desde as relíquias do período Greco-romano às igrejas barrocas. A cidade é um primor! Fomos até o parque para descansar, comemos uvas da estação e voltamos para visitar o teatro Bellini, onde brilhou Maria Calas. Depois, caminhamos até o castelo Ursino, imponente desde os tempos feudais; hoje, centro cultural. Voltamos para o navio cansados e felizes de tanta beleza. A Sicília é um mundo à parte, na Itália, que não se pode deixar de visitar.

A costa amalfitana

Sem dúvida, é um dos lugares mais bonitos do mundo e merece a fama que possui. Já fui à Itália várias vezes e, desde a primeira, em 1988, visitei Nápoles, Capri, Pompeia, os principais pontos turísticos daquela região. Dessa vez, pude fazer um passeio sempre elogiado, mas nunca realizado, a costa amalfitana, passando por Sorrento, a bela cidade do outro lado do golfo de Nápoles, passando por Positano, Praiano, até chegar a Amalfi, numa estrada estreita, construída sobre o penhasco à beira-mar e onde os carros se espremem e passam, milagrosamente. Confesso que, após ser conduzido pelo Marco, o motorista italiano do ônibus turístico que nos conduziu sãos e salvos naquele percurso impressionante, não tenho mais coragem de afirmar que sou motorista. A nossa sorte é que esse caminho foi feito em final de outubro, quando o movimento de verão já não mais existia. Durante os meses de junho a setembro, é praticamente impossível trafegar por ali com carro grande. Para nossa sorte, pegamos um belo dia de sol, uma temperatura agradável em torno de vinte graus e tivemos tempo suficiente para visitar os principais lugares sem muitos turistas, sem correria e sem filas. Começamos por Sorrento, e fomos até a Praça Tasso, coração da cidade, com a estátua do célebre literato, autor de “Jerusalém Libertada”. Dentre as igrejas visitadas, a principal é a Catedral e seu célebre campanário com relógio; depois, passamos pelo monumento  ao abade Santo Antônio, visitamos a igreja de S. francisco e seu claustro e caminhamos um pouco pelo centro histórico. Tiramos as fotos com o Vesúvio ao fundo, a marina e prosseguimos a viagem, aí sim, passando pela célebre “costiera amalfitana”, com seus cerca de 40 Km,até chegarmos a Positano, onde paramos para almoçar. Confesso que o melhor dessa viagem é a paisagem; cada curva, e são milhares, é um deslumbramento. As cidades são todas pequenas e encavaladas nos morros à beira-mar. Os moradores e turistas ali têm de descer e subir a pé, ficando os carros estacionados na já pequena estrada. Não sei como conseguem passar ali durante o verão. Nos pequenos terraços que sobram, plantam videiras, oliveiras e hortaliças, macieiras, pereiras e romãzeiras, aproveitando cada palmo de terra cultivado. Depois de Positano, passamos por Praiano e chegamos a Amalfi, a mais célebre cidade da região,e que teve tanta importância na Idade Média quanto Veneza, Gênova e Pisa, cidades-estado. Sua maior atração é a catedral de Santo André, padroeiro da cidade, toda decorada com painéis em cerâmica e sua escada impressionante que leva às portas de bronze trazidas de Constantinopla no século XI. Amalfi foi célebre no passado como centro produtor de papel. Hoje, vive do turismo e é uma joia da Itália, tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade, bem como toda costa amalfitana. Confesso que saí com um gostinho de quero mais. Espero, ainda. um dia, voltar à costa amalfitana e poder passar pelo menos um final de semana por lá.