Canadá, se não fosse o frio…
Desde 1995, tenho visitado o Canadá, um dos países mais desenvolvidos do mundo. Na primeira vez, fiquei em Toronto, fazendo um estágio na universidade de York, e após isso, percorri o país de costa a costa, indo a Montreal, Quebec e Vancouver. O Canadá tem tudo o que esperamos de um país de primeiro mundo: desenvolvimento tecnológico e humano. Lá não existem grandes diferenças sociais, o país é bastante miscigenado, pois recebe imigrantes de toda parte, e é repleto de belezas naturais. Quando era jovem, até recebi convite pra trabalhar lá, como professor na universidade, visto que minha formação é em literatura latino-americana, mas o frio me assustou. Acostumado com os trópicos, adoro o calor e a luz dos nossos trópicos, e teria dificuldade em viver num país tão frio, com um inverno tão rigoroso e tão prolongado. Só visitei o Canadá no outono, a primeira vez, e na primavera, quando fui a Victoria, no ano passado, e já senti muito frio. Agora, voltei no outono e passamos por lugares lindos.
Saímos de Nova Jersey, num cruzeiro de dez noites, na primeira semana do outono, para visitar algumas partes da Nova Inglaterra norte-americana e do Canadá. Paramos em Bar Harbor e Portland, no Maine, lugares maravilhosos, onde se aproveitar tanto as belezas urbanas quanto os parques naturais. Claro que uma parada de um dia não dá pra ver muita coisa, mas sempre fica o gostinho de querer voltar àqueles lugares de onde se gostou mais. No Canadá, paramos em Saint John, na Nova Escócia, Sydney e Hallifax, no Cabo Breton e Charlottetown, na ilha de São Jorge. Em cada um desses lugares, andamos a pé, pois são cidades pequenas, percorrendo seu centro histórico e conhecendo suas igrejas, museus, praças e jardins. O Canadá é muito cuidadoso com seus jardins, em toda parte se observa o capricho herdado de ingleses no cultivo das plantas ornamentais e na harmonia de suas construções. Em momento algum, vimos pessoas sem teto e pedintes, como é comum em outros lugares, até nos Estados Unidos.
O final da viagem foi em Quebec, essa que é, pra mim, uma das mais belas cidades das Américas ou, quiçá, do mundo. Quebec foi fundada por franceses e, durante muitos anos, disputada pelos ingleses. Seu formato é de uma cidadela, visto que é toda cercada de muralhas, às margens do rio São Lourenço. A civilização francesa acrescida à tradição inglesa deu a Quebec uma cara especial, uma mistura de civilização europeia à modernidade americana. Cidade híbrida, encantadora, com uma população amável e acolhedora a receber turistas do mundo inteiro para conhecer suas belezas e apreciar suas delícias gastronômicas. Mas, como nem tudo é perfeito, tem o frio que, mesmo no outono, entra pelos ossos e castiga a pele, impedindo que se fique muito tempo pelas ruas, sem procurar um lugar aquecido para se abrigar.