Punta Arenas, porta do Estreito de Magalhães

circum-navegação do planeta. Na verdade, a segunda, pois, na segunda vez em que estivemos lá, em 2016,  o tempo fechou e tivemos de voltar às pressas para o navio, para nossa sorte, pois cerca de dois mil passageiros tinham ido fazer passeios e ficaram em terra até poderem regressar. Um sufoco! A história daquele Canal é uma saga de muitos sofrimentos. Não à toa, o principal ponto de atração da cidade é o cemitério. Como muitos morreram nessa tentativa de travessia, ficaram ali enterrados em suntuosos túmulos patrocinados por ricos familiares. Além deles, a principal atração do cemitério é a sepultura humilde de um indígena, tido pelos locais como milagreiro.

   A travessia do Canal é algo de espetacular! Montanhas com gelo de um lado e outro, por entre a chamada Terra do Fogo, pois, no passado, os povos originários sinalizavam a passagem com fogueiras, o que chamou a atenção dos primeiros navegadores. Por muitos anos, tentou-se a passagem pelos oceanos do ocidente para o oriente, em busca das almejadas especiarias, até que Vasco da Gama a descobriu, em 1498, contornando o sul da África. Depois, foi a vez de Fernão de Magalhães, outro português. Em busca de uma nova rota para chegar às Índias, terras das preciosas especiarias, Magalhães, a serviço da Espanha, traçou um plano para fazer essa viagem pelo Oeste, atravessando as Américas, em 1519. Depois de muitos percalços, ele descobriu que era possível acessar o Oceano Pacífico passando por um Canal, o atualmente chamado Estreito de Magalhães, batizado em sua homenagem por essa façanha. Mesmo sem conseguir sobreviver à aventura, pois foi morto nas Filipinas, pouco tempo depois, o explorador português ficou conhecido por ser o idealizador da primeira circum-navegação registrada, que também é chamada de a primeira “volta ao mundo” conhecida.

   Há muito o que se fazer em Punta Arenas, além de passear no cemitério. Recomendo a visita ao Museu dos Salesianos, uma excelente mostra do trabalho feito por eles de recolha de objetos dos povos originários e da fauna e da flora patagônicas. Os Salesianos estão lá há mais de cem anos, cristianizaram os antigos moradores da reunião e preservaram um tanto de sua memória. Após a visita ao Museu, que custa 10 US$, pode-se fazer visita a pinguins em ilhas do canal, a estâncias, onde se pratica a criação de ovelhas, ou a um antigo forte. Ou então, ficar passeando pela cidade, após três dias balançando no mar nada Pacífico, parar num bom restaurante local e saborear a excelente comida patagônica, à base de carnes ou de pescados, acompanhada dos maravilhosos vinhos chilenos, muito baratos ali. Torcer pra pegar um bom tempo e poder continuar a viagem, em paz. Naquela região, o tempo muda a todo instante, e o fator sorte é essencial. Salud!

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