Stonehenge e seu misticismo

Há muito tempo, desejávamos visitar Stonehenge, na Inglaterra, mas a pandemia de coronavírus adiou nossos planos. Agora, chegou a hora e conseguimos. Valeu a pena! Saímos de Southampton, o segundo maior porto da Inglaterra, com uma excelente guia, e passamos por lugares incríveis como a New Forest e Salisbury, com a sua Velha Sarun, como é conhecida sua imponente catedral. Confesso que me deu vontade de parar e ficar em Salisbury. O centro histórico estava todo enfeitado de bandeirinhas e nos lembrou as nossas tradicionais festas de São João. Ao chegarmos a Stonehenge, após uma hora e meia de uma viagem muito agradável, avistamos da estrada as famosas pedras, em formato circular, cujo significado real até hoje ninguém descobriu. Existem algumas teorias ou suposições, criadas após as descobertas de alguns indícios. A primeira é que Stonehenge era um templo onde os druidas, os sacerdotes celtas, realizavam sacrifícios humanos em oferenda aos deuses. Já no século vinte, o astrônomo Sir Norman Lockyer sugeriu o que, atualmente, é considerado o verdadeiro objetivo da edificação: um calendário que capacitava os antigos sacerdotes a calcular as posições do Sol, da Lua e dos planetas, ao longo do ano. Espaços entre os trílitos (três pedras, sendo duas verticais e uma horizontal) permitem uma visão acurada das ascensões solares e lunares, enquanto as aberturas entre eles, uma série de 56 cavidades cheias, servem como uma sofisticada calculadora de eclipses lunares. Portanto, Stonehenge tem sua fama por sua dupla natureza: um lugar cerimonial, de práticas místicas e religiosas, e um calendário astronômico, quase científico, que mostra como o conhecimento das estações do ano e do próprio tempo ligava-se, intimamente, às práticas agrícolas, época de plantio e de colheita, intimamente ligado a antigas práticas religiosas e rituais.

   A palavra henge, em inglês, significa um círculo pré-histórico constituído de grandes pedras ou objetos de madeira. Stonehenge não foi o maior deles. O grande complexo megalítico de Avebury, em Wiltshire, próximo dali, foi, no passado, maior do que Stonehenge.  Sua parte mais antiga, o “Santuário”, data da mesma época, cerca de 3.000 a.C. Havia um enorme círculo de 90 blocos de pedra, cada um com cerca de cinco mil toneladas, e dois círculos menores com 30 pedras cada. Na Idade Média, muitas das pedras foram utilizadas em outras construções ou enterradas, para desencorajar ritos pagãos. Stonehenge foi construída, incialmente, cerca de 3.000 a. C, em madeira. O primeiro “henge” era de pedras azuis, compreendendo uma vala circular de 98 metros de diâmetro e com as 56 “Aberturas Aubrey”; os espaços entre elas, foi construído por volta de 2.000 a.C. Muitas das pedras azuis foram retiradas, quando se ergueu Stonehenge III, ao redor de 1.900 a.C, o grande círculo de 30 megalitos (grandes pedras) com lintéis (verga de madeira ou pedra que constitui o acabamento da parte superior de portas e janelas) e uma ferradura constituída por cinco trílitos. Stonehenge se alinha com a velha catedral de Salisbury e a outras construções neolíticas ou medievais próximas dali. Enfim, há todo um misticismo em torno dessas ruínas e isso fez seu tombamento pela Unesco como “Patrimônio Mundial da Humanidade”, juntamente com Avebury, em 1986. Dali pra cá, se tornou um dos lugares mais visitados da Inglaterra e do mundo.   

   Ao chegar ao Centro de Visitantes, há uma exibição com vários objetos arqueológicos e uma experiência audiovisual em 360°, que nos dá uma amostra da história de Stonehenge e de suas relações com outros sítios históricos próximos dali. Após a ida ao banheiro e ao café, é hora de se dirigir às pedras. Há duas maneiras: uma de ônibus gratuito, e, em menos de dez minutos, você é deixado bem perto do monumento; a outra é ir a pé, caminhando pelo pasto, entre as vacas inglesas. Como o tempo estava agradável e convidativo, fomos a pé, para nos prepararmos para a longa espera de aeroporto, que teríamos mais tarde. Foi bom, mas não recomendo para os que não tiverem boa disposição e boa forma física. Adoramos Stonehenge. Valeu a espera.  

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