Áqaba, na Jordânia
Áqaba, na Jordânia Creio que se pode considerar a Jordânia uma ilha de relativa paz, no meio de vizinhos belicosos. Ao norte, está a Síria, vivendo uma guerra insana e fratricida há doze anos. Estive na Síria, um ano antes da guerra, e a situação já estava se deteriorando. De lá, entramos na Jordânia, para irmos a Jerash, uma cidade romana ainda bem conservada e, onde, conforme relatos bíblicos, Jesus esteve em pregação. De lá, fomos a Ammam, visitamos Petra, a cidade dos nabateus que tinha sido declarada Maravilha da Humanidade o Deserto de Wadi Rum, com suas areias coloridas e onde foi filmado o Lawrence da Arábia. Faltava visitar Áqaba, o que fiz, agora, num cruzeiro pelo Mar Vermelho. É a cidade que dá nome ao Golfo de Áqaba e é vizinha de Eilat, em Israel, que já visitei, e de lá também se avista o Egito, onde o sol se põe.
Adorei Áqaba, pois queria nadar no Mar Vermelho e lá o pude fazer. Na Arábia e no Egito, fica mais difícil, pois não há praias públicas, só as ligadas aos resorts. Melhor ainda para os que gostam de mergulhar, pois é o fundo do mar que dá o nome ao Mar Vermelho. Por cima, a água é azul turquesa, límpida, e o vermelho vem das algas do seu fundo. Como não mergulhei, não as pude contemplar. Após o rigor do controle de segurança tanto no Egito quanto na Arábia, entrar na Jordânia foi como chegar ao paraíso. Foi só mostrar o passaporte, carimbar a entrada e se dirigir ao ônibus gratuito que leva os passageiros do porto ao centro da cidade. Lá, havia o assédio dos taxistas, oferecendo passeios a Petra ou a Wadi Rum, que já tinha visitado. Agradeci e lhes disse que gostaria de curtir a cidade por mim mesmo. Entenderam e não me amolaram mais.
Peguei um ônibus para fazer um city-tour, paguei apenas 5 euros, e fiz um passeio de quarenta minutos pela orla, subindo até um local mais elevado, de onde se pode avistar três países: Jordânia, Israel e Egito. Com isso, também me localizei para poder caminhar pela cidade e identificar os lugares aonde gostaria de ir: a praia, algumas comprinhas e locais para se tomar uma cerveja gelada. É o único país muçulmano da região, em que se pode fazer isso, sem restrições. No Egito, só em lugares reservados a turistas, hotéis e restaurantes; na Arábia Saudita, em lugar nenhum. Até o navio que ficou 48h no país, não pôde servir bebida alcoólica. Ai de quem comprou pacote de bebida no navio! Dos sete dias de cruzeiros, dois dias na Arábia e o dia do desembarque não se pôde servir bebida, ou seja, pagou e não pôde consumir.
Áqaba é uma cidade pequena, acolhedora, excelente comércio, bonita, moderna. Os jordanianos são muçulmanos light, não são repressores como árabes e egípcios, aceitaram a civilização ocidental com facilidade, sobretudo após Petra ter sido declarada Patrimônio da Humanidade. A chegada de turistas em grande escala trouxe ao país emprego, estabilidade econômica e social. Não se veem tantos pobres na rua, como no Egito, e nem mulheres encapuzadas como na Arábia. Total segurança, mesmo sem ter tanto controle de segurança como nos dois outros antes visitados. Enfim, é uma cidade que se respira paz e tranquilidade, um oásis, após tanto deserto.
Caminhei, fiz compras, tomei cerveja e fui à praia, como em qualquer outra cidade do mundo ocidental a que já estou acostumado. Fotografei a grande mesquita, os modernos palacetes, as ruas limpas e bem cuidadas, o paisagismo. Não me senti atraído a ver ruínas ou museus, embora os haja. Queria paz, tranquilidade e nem me interessava mais acrescentar nenhum conhecimento ao tanto que já tinha aprendido no Egito e na Arábia. Queria curtir um dia de lazer, sem guia a falar ininterruptamente, sem relógio para controlar o tempo, para ver ou comer, exceto o de voltar para o navio, claro, sem atribulações. E tudo isso obtive em Áqaba, na Jordânia. Pena que acaba rs.